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domingo, 29 de maio de 2011

REGULAGEM DE BARCOS - Parte 1 - Observações gerais

 INTRODUÇÃO

O autor deste artigo, tem a intenção (sem pretensão de exatidão) de trazer referências e observações que possam ser úteis como base (genérica) para o aprendizado (ou a prática) da regulagem de barcos olímpicos a remo.

Para tentar abreviar a matéria (pois existe MUITA coisa já escrita sobre o assunto), usamos de super-simplificações.

Em suma, o objetivo aqui não é estabelecer "certo" ou "errado". A meta é levar os leitores a pensar, repensar ou discutir o assunto, segundo suas necessidades práticas.



Notas sobre o REMO e a CANOAGEM - A principal diferença

O esporte olímpico do REMO se desenvolve em lagos, rios, baías, e em alguns casos, em raias especialmente projetadas para receber eventos esportivos (A Raia Olímpica de Remo do Parque Iguaçú, em Curitiba, é um exemplo de raia artificialmente criada, a partir de "cavas" que existiam no local, que foram ligadas mediante uso de dragas e escavadeiras).

A prática esportiva é realizada com o uso de barcos e remos.

O movimento (biomecanico) esportivo no REMO, é realizado mediante o uso do princípio da alavanca.

Tudo o que foi dito até aqui, também se aplica à CANOAGEM! Aliás, a convivência entre estes esportes é salutar.

Onde está então a diferença fundamental entre um esporte e outro?

No REMO, percebe-se um ponto de apoio PA (água), um ponto de resistência PR (o barco) e um ponto de potência PP (o remador). Como o PR se encontra "entre" os pontos PR e PA, chamamos a essa alavanca de "inter-resistente" ou "classe 2". O remador terá necessariamente que estar "de costas" em relação ao sentido da navegação.

Na canoagem, o remador estará sempre "de frente", já que a alavanca usada (inter-potente, classe 3, SMJ) leva logicamente a tal posição. A forma de segurar o remo, na canoagem, é similar à alavanca aplicada na pesca com vara.

Portanto, o "remo" difere da "canoagem" em razão do tipo de "alavanca" utilizado em cada esporte.




Aprender a remar com a regulagem existente, ou regular para a remada 
("Learn to row the rig before you start rigging to row")

A frase exprime a necessidade de que o remador aprenda a remar usando a "regulagem padrão" dos clubes, escolas e equipes.

O alto custo do equipamento, obriga que os barcos sejam usados por diversos remadores ou equipes. Sendo assim, a regulagem adotada nos barcos-escola (e muitas vezes, nos de competição também) geralmente é a "média" ou seja, aquela que atende as medidas biomecânicas "médias" e não os "extremos".

Pode-se dizer, que se o técnico possui uma equipe de atletas que "na média" tem 1,75cm de altura e 80Kg, com anatomia e proporções medianas (braços, torso e pernas proporcionais, ou perfil clássico greco-romano), a regulagem média seguirá esse padrão, muito embora possam existir remadores na mesma equipe com 1,60 e 1,95 de altura, nos extremos de amostragem.

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O presente artigo está em DESENVOLVIMENTO!

Desde já agradeço críticas e sugestões! As melhores serão publicadas!

Pretendo trazer mais fotos, e se possível vídeos! Futuramente postarei um índice! e links úteis!
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1. BARCOS A REMO OLÍMPICO - DESENHO OU PROJETO DO BARCO

Ao longo de mais de 100 anos de empirismo, experiências, observação dos progressos e dos erros, e posteriormente, de verificação científica (em especial engenharia naval), o esporte do REMO não variou significativamente; o aperfeiçoamento mais notável foi a introdução do movimento das pernas mediante uma extensão (carrinho). A rigor, o carrinho é uma "alavanca sobre outra alavanca", o que remete a estudos mais aprofundados em biomecânica.

O comprimento, largura e a seção (perfil) dos barcos vem se mantendo muito similar há pelo menos 60 anos.

O mais importante (na proposta deste artigo, de simplificar) é estabelecer que o barco olímpico a remos, se classifica entre os corpos imersos ou seja, um corpo que se desloca dentro (por "displacement") do fluído (água).

A seção ou perfil do "casco" ("cross-section") ideal, em termos de menor resistência ao avanço, segundo estudos de hidráulica e engenharia naval, é o semi-círculo.

No entanto, um barco com perfil em semi-círculo perfeito, é tido pela maioria, como um barco muito difícil de "equilibrar".


Por outro lado, um desenho em "V" será muito estável, porém produzirá uma área molhada muito maior (e consequentemente, maior atrito).

Alguns construtores tentaram compatibilizar o desenho de seção em semi-círculo perfeito, com a adição de "quilhas", bolinas ou estabilizadores estilo "sapata", similares às usadas em barcos "hovercraft". No entanto, como são exceções raras, neste artigo não nos deteremos sobre essas exóticas soluções.

Em engenharia naval, podemos dizer que a compatibilização entre "velocidade" com "estabilidade" tem por objetivo minimizar a "rolagem", e isto em geral é solucionado criando-se desenhos elípticos. Consequentemente, teremos (várias) equações para estabelecer o equilíbrio, e os resultados serão praticamente infinitos.

A seguir, um desenho de seção elíptica do tipo "fundo chato", observada em praticamente todos os fabricantes:


Barcos mais "estáveis" são geralmente considerados "lentos" e portanto são designados como barcos de "treino".

Barcos olímpicos desenhados especificamente para "desempenho", são barcos para "virtuoses" e considerados "de competição", e poderão se aproximar mais do perfil "ideal".

Considerando que as seções de um barco (por exemplo, skiff de 8 metros) remetem a quase infinitas combinações de "shape", conclui-se que o estudo preliminar do desenho de um barco (comprimento, área molhada, linha d'água, etc.) é extremamente complexo.

São também infinitas as fórmulas já imaginadas para tentar resolver os (múltiplos, intercorrentes e recíprocos) problemas relacionados à personalização de um barco (peso do remador ou da equipe; densidade da água - doce, salgada ou salobra - tipo de remada etc.).

A produção industrial acaba determinando o uso de um desenho que atenda o maior número possível de situações; portanto, barcos produzidos com visão comercial, estarão sempre partindo de uma premissa "média", consequentemente ocorrerão perdas de desempenho, conforme o remador ou equipe estiverem mais distantes da "média" idealizada na concepção do projeto.

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