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domingo, 29 de maio de 2011

REGULAGEM DE BARCOS - Parte 3 - Arfagem, Rolagem, Guinada

Estes três termos de engenharia naval definem os movimentos de uma embarcação em torno de três eixos ortogonais que passem pelo CG da embarcação.

Arfagem - rotação em torno do eixo horizontal transversal à embarcação
Rolagem - rotação em torno do eixo horizontal longitudinal à embarcação
Guinada - rotação em torno do eixo vertical

A "rolagem" já foi mencionada no ítem 2 deste trabalho, e tendo influência menor, não será detalhada.

A "guinada" diz respeito ao desequilíbrio aplicado intencionalmente ou não, ao sentido de deslocamento. São exemplos: leme; quilha (se estiver colocada errada ou torta); remar mais forte com um remo ou com um bordo (intencionalmente ou por desequilíbrio entre alavancas ou bordos) etc.

Tomemos um "single-skiff".

O pressuposto básico é de que o remador desloca o barco com auxílio de alavancas (remos).

Porém, ao mesmo tempo, o remador se desloca sobre o barco, pois está sentado em um "carro", cujo comprimento em geral é de aprox. 80cm.

Em geral o trilho está situado sobre o "CG" do barco (centro de gravidade) ou seja, estes 80cm estarão "divididos" 40cm para a "proa" e 40cm para a "popa" em relação ao ponto exato do CG.

Logo, o ato de remar acarreta também, um movimento senoidal, que pode ser de "golfinho" ou de "serrote" - dependendo da técnica utilizada pelo remador (ou falta de).

Em outras palavras:

A "proa" do barco sofrerá uma "elevação" quando o remador estiver com o carrinho "mais à popa".

A "proa" sofrerá um "afundamento" quando o remador estiver com o carrinho "mais à proa".

Quanto mais abrupta for a oscilação (serrote), em tese pior para o seguimento; quanto mais suave (golfinho) melhor para o seguimento (melhor desempenho).

O "afundar da proa" é mais significativo quando o carro chega mais perto da "proa", porque nesse momento, o remador está finalizando a fase de "propulsão".

Ou seja, não é só o "peso" do remador que, por estar cêrca de 40cm adiante do "CG" do barco, que acarretará a "arfagem" ou "mergulho de golfinho" do barco, mas também o vetor da remada.

Determinadas características da técnica de um remador, também influenciarão nesse "afundar" ou "mergulhar", como por exemplo, o "sacar" da remada muito acentuado, ou "deitar" muito no final da remada, entre outros fatores.

Há quem entenda que a "braçadeira" possa ser redesenhada ou posicionada, para contra-atacar o problema da arfagem; de fato o "barco-asa" atingiu esse objetivo (tema da 4ª parte desta série de artigos) mas o tipo de braçadeira conhecida como "barco asa", foi banida pela FISA no começo de 1981.

O efeito "serrote" pode ser reduzido ou minimizado através de técnicas de remada, porém, não ao ponto de ser "eliminado", já que dinamicamente falando, ocorrem alterações de sentido (o carrinho "vai" e "volta"), pausa (na aplicação da força através da alavanca/remo) e vários outros fenômenos incidentes e dependentes da técnica da remada utilizada.

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Uma das grandes discussões entre as "escolas de remo", está entre a "enfase" que se deve dar no treinamento, à "tecnica" ou à "condição física".

As "escolas" ou filosofias de treinamento que enfatizam a "técnica" da remada, tendem a trabalhar intensivamente todas as etapas do ciclo de remada (ataque, ou pegada, propulsão, finalização, palamenta, recuperação ou devolução etc.) e nesse caso os técnicos terão uma atenção especial para a maior estabilidade da "linha de água", tentando aperfeiçoar a técnica do remador para que o barco tenha um seguimento similar o movimento senoidal suave (golfinho).

Por sua vez, as "escolas" que pregam o condicionamento físico como sendo prevalente sobre a técnica, entendem que eventuais "perdas" decorrentes da característica "serrada" da arfagem (proa que balança abruptamente) são largamente compensados pela fase de propulsão. Esta tese também defende que os "ganhos" que podem ser alcançados com o polimento da técnica, não são tão grandes quanto os ganhos alcançados com o fortalecimento dos músculos do atleta (força bruta).

Naturalmente, existem treinadores, remadores e até filosofias que tentam conciliar estas correntes.

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Concluíndo este tópico, vemos que, embora o esporte do REMO possa parecer "simples" por ser baseado em uma das mais antigas noções de física (a alavanca), o aperfeiçoamento é complexo, pois a soma de vários outros conceitos, simples ou não, eleva exponencialmente as opções de desenvolvimento.




Segue na Parte 4 com "Tipos de braçadeiras"

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